1/31/2006

Crescimento e regeneração de tecidos vs diferenciação celular


Embora as células somáticas de um mesmo organismo possuam o mesmo património genético (mesma informação genética), verifica-se que os tecidos e órgãos apresentam células morfologicamente e fisiologicamente diferentes.
Após a fecundação, forma-se uma nova célula (ovo ou zigoto) que irá, por mitoses e citocineses sucessivas, originar um novo organismo. O ovo é capaz de originar células-filhas as quais, por sua vez, poderão originar diferentes tipos de células. Diz-se, por isso, que o ovo é uma célula totipotente, ou seja, tem todas as potencialidades para originar todas as células de um organismo.
As primeiras divisões do ovo originam células indiferenciadas, pois são muito semelhantes entre si e semelhantes à célula inicial que lhes deu origem. À medida que os ciclos celulares se repetem, as células iniciam um processo de diferenciação, até se tornarem células especializadas. A diferenciação ocorre porque alguns genes são activados, enquanto outros são bloqueados.
A maioria dos tecidos de um organismo adulto não é constituída exclusivamente por células especializadas. Um grupo restrito de células apresenta um grau de diferenciação menor do que as restantes, chamando-se
células estaminais adultas (estas células não são totipotentes).
As células estaminais adultas originam, por mitose, células-filhas idênticas. Estas células, após diferenciação, garantem a renovação celular e a reparação de tecidos.
As células estaminais embrionárias surgem muito cedo durante o desenvolvimento de um embrião, quando este não é mais do que uma bola minúscula, que caberia na cabeça de um alfinete. São estas células, ainda indiferenciadas, que dão origem a todos os tecidos que compõem um organismo adulto. No final da década de 90, descobriu-se que sobrevivem nos tecidos adultos algumas células estaminais, mas já com um certo grau de especialização. Transformam-se em todo o tipo de células do cérebro, por exemplo, mas já não são capazes de se transformarem em células de todos os restantes órgãos.
Nos tecidos adultos (definitivos) das plantas também existem células indiferenciadas, agrupadas em tecidos designados por meristemas.
Em determinadas circunstâncias, as células indiferenciadas podem perder a sua especialização, tornando-se células indiferenciadas (totipotentes) com capacidade de originar novos tecidos. Este fenómeno é crucial nos mecanismos de clonagem (produção de um ou mais indivíduos geneticamente idênticos - clone, geralmente a partir de células somáticas).

Volvox, uma alga colonial

Para saber mais

Peixes Pulmonados

Os peixes pulmonados resistiram a varias extinções desde o devoniano, mas hoje estão reduzidos em quantidade de espécies no mundo.
Em geral, nos peixes a respiração é branquial. As brânquias têm por função retirar o oxigénio dissolvido na água. A circulação é fechada, simples e o coração é totalmente venoso, excepto nos dipnóicos (peixes pulmonados), cuja circulação é dupla e incompleta.
A maioria dos peixes ósseos possui uma bexiga natatória, que serve, em geral, como órgão hidrostático, permitindo-lhe subir ou descer ao longo da coluna de água. Além da função hidrostática, em outros peixes, a bexiga natatória pode servir inclusive para a produção de som. Nos dipnóicos ou peixes pulmonados, a bexiga natatória encontra-se modificada de forma a assumir as funções de um pulmão, permitindo que o animal retire oxigénio da atmosfera. Nestes peixes, a membrana da bexiga natatória é vascularizada e permite a realização de trocas gasosas entre o ar presente no interior e o sangue.
Actualmente, existem seis espécies de peixes da ordem dos Dipnóicos. Estes peixes são conhecidos por peixes pulmonados, pois todos eles respiram oxigénio atmosférico. Apesar de possuirem brânquias, a sua bexiga natatória encontra-se transformada num par de pulmões, muito semelhantes aos dos anfíbios, que lhes permitem retirar oxigénio do ar inspirado à superfície da água.
Os peixes pulmonados podem ser encontrados em lagos e rios na América do Sul (ex.: Lepidosiren paradoxa ou pirambóia); na África (ex.: Protopterus annectens); e na Austrália (ex.: Neoceratodus forsteri). Ao contrário dos peixes pulmonados africanos e sul americanos, os dipnóicos australianos possuem um só pulmão, utilizando as brânquias durante a maior parte do ano, respirando ar apenas quando os níveis de água são muito baixos. Na América do Sul, quando chega a estação seca, os dipnóicos enterram-se na lama, permanecendo aí dormentes, até que o nível de água suba outra vez.
Os dipnóicos africanos também escavam buracos na lama, mas cobrem o seu corpo com uma secreção mucosa, que, ao secar, forma uma espécie de casulo, que protege o peixe até que os níveis de água voltem a subir. Vários estudos demonstraram que, durante estes períodos de dormência, o metabolismo dos peixes pulmonados diminui bastante, ao ponto deles apenas necessitarem de oxigénio para sobreviver. O mais espantoso é que algumas espécies podem sobreviver cerca de dois anos nestas condições.

1/30/2006